Realidade brasileira

Viver no Brasil é ter medo e desconfiar dos outros. É não ter total liberdade e precisar agarrar os momentos bons, porque eles não duram. É fugir de si mesmo e abstrair da realidade. É mesmo essa fuga constante pra não exergar a crueldade. Fugimos porque temos bom coração? Ou falta coragem?

Você presencia assaltos, violência e desonestidade. Ouve falar ou tem um conhecido. Já é old news. Sabe de histórias de terror que aconteceram de verdade. E, tecnicamente, o país não está em guerra. Já disseram que há uma guerra civil invisível, que o Brasil mata seu povo. Foi o que ouvi falar.

E nós tomamos partido? Gosto de falar das pequenas ações, de mudar as pessoas no dia a dia. Não sei se isso funciona tão bem. E as ações coletivas? E o ideal claro da nação, a percepção comum? Cadê a negociação (benéfica a todos)? Cadê a união e a convergência de opiniões?

Nessa guerra brasileira, não há só o tráfico. Há uma imensa desigualdade social. Há desesperança e insegurança gerais: do físico e do psicológico. Ai de mim, psiquê. Ai de mim. Não podemos agir como vítimas.

Há muitas pessoas tranquilas, mas há muitas em desespero. Falta amor e amparo do próximo e da pátria. Falta apostar no povo e na honestidade. Falta acolher. Se preocupar menos com o individual e mais com o coletivo. A pátria também pode fazer isso.

Faltam possibilidades. Quem nasce na periferia tem inúmeros obstáculos para conquistar seu lugar no capitalismo de poucos. O país não deixa, não quer. O sistema também não quer. E nós queremos andar na rua em segurança. Lemos no jornal que "pagamos até pra cuspir, e o governo não tem dinheiro para garantir nossa segurança". (Para saber mais, veja este link).

Os brasileiros estão com medo. Parece que a mesquinharia e o ego são incentivados. Muitos vivem com o pensamento de que "contanto que o outro sofra e não eu, tudo bem".

Mas não está tudo bem. Os brasileiros estão sofrendo.